quinta-feira, julho 15, 2004

Amsterdam

Tem gente achando que a gente esqueceu tudo que andou fazendo aqui. Na verdade, tiramos férias das férias. Aproveitamos o ambiente familiar que encontramos aqui e resolvemos diminuir o ritmo.
 
A gente visitou Amsterdam sim, mas no ritmo que a cidade pedia. Como sempre saimos andando pela cidade, gastando o tênis. Andamos pelos canais; passamos pelo homomonument (um triângulo cor-de-rosa que avança em cima de um canal e fica na frente de uma igreja!!! hahaha); passamos na frente da casa da Anne Frank; fomos ao mercado de pulgas (que era bastante peculiar, um dos ítens mais populares eram os acessórios para "ervas"); tentamos ir no Rijksmuseum e no Van Gogh Museum, mas as filas estavam realmente quilométricas; e, logicamente, fomos ver o Red Light District, com suas mercadorias em exposição na vitrine.
 
Hoje (15/07) fomos visitar Leiden e Delft. Ambas são cidades universitárias, na primeira ficamos impressionados com o estacionamento de bicicleta perto da estação, tinham dois níveis de bicicleta. Era um mar de magrelas a perder de vista.
 
Depois fomos a Delft, vimos um pouco também da parte antiga da cidade, num dos canais tinha uma feirinha de flores e os vendedores ficavam pegando uns maços de flor e gritando o preço, um mais alto do que o outro. A gente não entendia nada (Lógico!), mas parecia que eles estavam competindo; mais um pouco de bagunça e chegava perto de feira no Brasil. Em Delft também vimos a biblioteca da universidade, descrição abaixo...
 
Vou tentar colocar fotos hoje pois amanhã pegamos o trem para Paris, aí não tem mais folga, nada de fotos novas no Blog até Lisboa!

Delft

Estamos agora em Delft, uma cidade no sul da Holanda. Não sei se os arquitetos se lembram, mas o escritório de arquitetura holandês Mecanoo projetou a biblioteca da universidade de Delft. A cobertura dela é de grama, começa do chão e vai subindo inclinada. Do meio da cobertura sai um cone rodeado de vidro para entrar luz. É maravilhosa! É muito linda! Dá vontade de ficar aqui o dia inteiro! Na verdade estamos dentro da biblioteca nesse instante, pode-se usar a internet, então resolvi entrar para dar um oi.
Temos que ir agora pq a biblioteca tá fechando. Quando chegarmos em Amsterdam colocamos algumas fotos!
Beijos para todos!

domingo, julho 11, 2004

Berlin

De Dresden fomos para Berlin! Ficamos num albergue na parte que antigamente era Berlin oriental, tem bares e restaurantes perto, mas ficava um pouco longe dos lugares que a gente queria visitar. Berlin está cada vez mais igualada, mas ainda é bem diferente, a parte oriental é bem mais quadrada, bem mais comunista, do que a ocidental. Nos dois primeiros dias a gente foi bater perna, gastar a sola do tenis. No terceiro dia pegamos um walkingtour por Berlin, que era gratuito, acho que para fazer propaganda dos outros walkingtours que eles têm, mas mesmo assim, o tour foi tão legal e o guia era tão simpático que demos uma gorjetona para ele.

Em Berlin tinha muito assunto, nos 5 dias que ficamos vimos:

- o Tiergarten (antiga floresta usada como reserva de caça da familia real prussiana), em uma das bordas do parque tem um conjunto de edifícios modernistas, um dos quais foi feito pelo Niemeyer (o Luis ficou revoltado pq ele achou o prédio muito feio);

- Brandenburger Tor ficou cheio de buraco de bala depois da guerra e durante a divisão da cidade, o muro passava do lado, agora está reformado e, infelizmente, não tem mais nenhuma marca da guerra;

- Unter den Linden é uma avenida grande com um passeio no meio para pedestre com duas linhas de árvores (as Linden, que em prtuguês acho que chama Tília, é uma árvore muito cheirosa, meu nome aliás, Lindenberg, significa Montanha de Tílias). Antigamente, esse era o trajeto para os campos de caça reais, onde hoje fica o Tiergarten, passando pelo Brandenburger Tor. Antes da guerra as árvores eram mais altas do que os edifícios da avenida, mas durante a era nazista, Hitler mandou cortar as árvores pq elas atrapalhavam as marchas militares, por isso atualmente elas são bem mais baixas. Uma pena!

- o Reichstag, o parlamento alemão. Em 1933 um misterioso incêndio destruiu uma grande parte do edifício, fato que os nazistas usaram como desculpa para conseguir mais poder. Hoje em dia o prédio está reformado e pode-se visitar o terraço e a cúpula (projetados por Norman Foster), infelizmente a cúpula foi fechada para reforma no dia que chegamos em Berlin :(, mas deu para subir no terraço e ver a cidade de lá de cima;

- a Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirsche, igreja memorial para o imperador Wilhelm, ela foi quase completamente destruida durante a guerra, os destroços foram removidos e a parte que sobrou, a torre da frente, foi mantida como um salão memorial da história da igreja com fotos e duas maquetes, uma de como era antes da guerra e outra de como está agora. Mais tarde foram construídos em cada lado da ruína uma nova igreja (muito bonita, de forma octagonal e toda rodeada de vidro azul) e um campanário;

- a Potsdamer Platz que costumava ser um local muito movimentado antes da guerra mas foi quase que completamente destruido por bombardeios. O muro que isolava Berlin ocidental passava bem em cima desse ponto. Em 1990 foi construído lá um grande centro de negócios, hotel, restaurantes, cinema teatro. É até ridículo de ver, saindo do S-bahn em baixo a gente deu de cara com duas placas, uma indicando cinema e Imax para a esquerda e outra indicando cinema e Imax para a direita!! Tem dois complexos de cinema um do lado do outro, e tem dois Imax, um do lado do outro!

- Alexanderplatz que ficava na Berlin oriental, e foi onde construíram a Fernsehturm (torre de transmissão de televisão) com 365m de altura, construção mais alta de Berlin e segunda mais alta da Europa, foi feita pelos comunistas para mostrar poder para Berlin ocidental.

- o Jüdisches Museum feito pelo Arq. Daniel Libeskind, é o museu judaico, conta a história de alguns judeus, ou exilados ou mandados para os campos de concentração. Essas histórias são muito interressantes, mas o melhor do museu mesmo é o prédio em si. A parte de baixo é composta por corredores que formam eixos, onde o piso é inclinado, o que dá uma certa sensação de falta de equilibrio, o piso e o teto são escuros e as paredes são brancas com alguns buracos pretos, fechados com vidro, que é onde tem a exposição dos objetos e da história dos judeus. Vc olha dentro desses buracos pretos e é como se estivesse olhando para um lugar no passado. No final de um dos corredores, atrás de um portão de aço, tem uma sala vazia, inteira de concreto, como uma cela, é a Holocaust-Turm (a torre do holocausto). O pé-direito é muito alto com apenas uma janela comprida no alto por onde entra pouca luz durante o dia e barulho da parte de fora. O visitante, ao entrar, fica enclausurado, isolado do mundo externo, mas ouvindo o barulho do que acontece fora. Para o arquiteto esse vazio representa as milhares de vitimas do genocídio nazista. Ainda nesse nível, tem o Garten des Exils unde der Emigration (o jardim do exilho e emigração). É um jardim com 49 pilares tubulares no centro (formando um quadrado de 7 por 7 pilares - 7 é um número importante para a cultura judaica: seis dias de criação e o sétimo de descanso, o Sabbath), cada um com 6 metros de altura. Os 49 pilares (48+1), se referem a fundação do estado de Israel em 1948 e um para Berlin. Dentro dos pilares foram plantadas oliveiras que tradicionalmente na cultura judaica simbolizam paz e esperança.

- o Checkpoint Charlie o antigo ponto de passagem entre as duas Berlins. Chama-se Charlie pq se refere as contagens dos americanos, era o terceiro ponto de checagem, tinha o ponto Alpha (1o), Beta (2o), Charlie (3o), Delta (4o) etc. O que está lá atualmente é falso, a cabine original foi retirada depois da reunificação, mas devido à procura de turistas pelo local, eles recolocaram uma cabine, conforme ficava durante a divisão.

Nos dois últimos dias alugamos bicicletas, assim podíamos andar mais rapidamente por Berlin e ver as coisas que faltavam. Fomos ver o bairro mais antigo de Berlin (Nicolaiviertel) que é muito bonitinho, mas nada de muito especial. Fomos também no Pergamonmuseum, o acervo do museu é resultado de escavações arqueológicas feitas por expedições alemãs. O mais impressionante (e que dá nome ao museu) é o altar trazido da antiga acrópole de Pérgamo, na Ásia Menor, remontado no museu. É a primeira coisa que se vê ao entrar no museu, é uma enorme escadaria que era a entrada do altar. É indescritível! Eles remontaram todas as peças que conseguiram reunir na ordem que ficavam no seu local original, o que se vê no museu é 1/3 da construção original que data de 160 a.C.; além disso, tem também o Portão do Mercado de Mileto de 2o a.C. e o Portão de Ishtar da antiga Babilônia, construído durante o reinado de Nabucodonosor II entre 640 a.C. e 562 a.C.

Alemanha-Nürnberg/Dresden

A Alemanha foi muito legal. Em Nürnberg a gente comeu um monte de Wurst, isso foi basicamente o que a gente fez lá... hahaha. O albergue ficava dentro da muralha da cidade velha (a Alt Nürnberg), o que era muito bom pq era mais fácil não usar nada de transporte público. No norte dessa muralha ficava o castelo do principe, hoje em dia o albergue da juventude (da YHA) foi instalado onde era o antigo estábulo, bem interessante, mas não ficamos lá, ficamos com trauma de YHA.

Nos mapas que ficavam expostos dentro da muralha da cidade tinham duas rotas a seguir, uma cultural e outra histórica. A cultural, meio obvio, era mais para visitar museu, e a histórica para ver prédios antigos, escolhemos a segunda. Foi bem gostoso, se bem que a gente seguiu mais ou menos a rota, a gente mudava de rumo quando a gente via alguma coisa interessante, afinal temos uma certa rebeldia com rotas turísticas pre-estabelecidas.

De lá fomos para Dresden. A escolha por ir para lá se deu de uma maneira muito peculiar: não tinha lugar nos albergues de Berlin para todas as noites que queríamos, então escolhemos uma cidade próxima da qual já tinhamos ouvido falar (mesmo que tivesse sido um simples "Dresden foi destruida durante a guerra"). Talvez isso tenha contribuido bastante para que Dresden tenha sido tão surpreendentemente legal. A gente não esperava nada, tanto que reservamos somente duas noites.

A gente ficou num albergue na parte nova da cidade (em se tratando de cidade pequena na Alemanha ficava longe da parte histórica da cidade, mas para nossos pés de mochileiros ficava muito perto), numa parte cheia de barzinhos, o que era muito legal pq mantinha as ruas com gente até tarde. Lá perto estava tendo um evento a céu aberto com vários grupos de teatro (e talvez circo também), podia-se assistir algumas peças por poucos euros ou sentar e comer ou só sentar e tomar cerveja num pátio grande com o pé-direito alto, vendo umas pernas de robô vestidas com calça social e sapatos, presas na cobertura, as pernas ficavam dançando ou movendo conforme as pessoas apertavam os botões. Muito louco! No último dia fomos até o parque na parte sul da cidade, lá comemos nosso último Wurst da Alemanha e sentamos numa mesa com dois velhinhos alemães muito simpáticos, com quem eu consegui conversar por um bom tempo. Eles contaram que depois do bombardeios, a cidade ficou em chamas e todos os habitantes tiveram que fugir para aquele parque para se refugiar. Acabei descobrindo que o velhinho era arquiteto, e ele falou que era uma pena a gente já estar indo embora de lá pois tinham várias coisas para ver ainda. Que pena... Quase arranjei emprego na Alemanha hahaha.

Amsterdam

Chegamos em Amsterdam ontem de manhã.
Pois é, mesmo depois do trem super legal de Montpellier para Strasbourg, pegamos um trem noturno de Berlin para Bruxelas e um regional de lá para Amsterdam, a gente não aprende mesmo. Mas, ao contrário do outro, esse era alemão e por isso beeeeem melhor! Dormimos bem, na medida do possível, mas pouco, pois o trem chegou em Bruxelas às 6 da manhã.
Agora estamos aqui na casa da Marina, minha prima, na maior folga. Vamos ficar por aqui no final de semana, tomar fôlego, e na segunda recomeçamos nossas caminhadas.